O tempo corre… Já são quatro e meia. “Tic tac”, diz o
relógio. Sento-me no jardim e olhos as árvores. E penso na vida, e no mundo…
Por vezes sinto-me tão só… Só, no meio deste mundo louco, neste planeta tão
grande e tão pequeno. Os raios de sol passam por entre os ramos, fazendo algumas
folhas reluzir que nem diamantes. E o sol, que está tão longe, chega até nós.
Mas muitas vezes, quem está tão perto, está mais longe que o sol. Às vezes
parece que somos invisíveis neste mundo. Que os raios de sol nos podem
trespassar. Mas afinal, eles não podem, pois somos de carne e osso. Tal como os
outros…
O tempo continua a passar… E eu não sou ninguém. Sou tão
pequenina… Um grãozinho de areia. Um grão de areia sozinho, por mais que tente,
nunca fará um areal. O vento sopra-me no rosto. Sinto o grãozinho de areia a
ser levado para um lugar incerto. Procuro outros grãos de areia, pequenos e
insignificantes. Mas com vontade de construir um areal. Parece que há poucos
grãos de areia, neste mundo tão grande e tão pequeno! As pequenas borboletas
andam pelas flores… Oh, quem me dera ser feliz assim! Se eu fosse uma
borboleta, com certeza seria feliz, num jardim colorido… Mas sou como um grão
de areia, que anseia um dia construir um areal.
Às vezes também tenho medo… Não diria medo da solidão, neste
mundo cheio de gente. Mas medo dos corações vazios… sem amor. Medo do que podem
fazer ao mundo. Medo do que geram esses, que não querem ser um grão num areal,
ou uma gota num oceano, mas que querem ser grãos especiais, ou gotas especiais…
E o problema é que são cada vez mais. E se não houver grãos de areia que querem
ser um areal, ou gotas de água que querem ser um oceano, o que acontecerá às
praias? Jamais alguém poderia sentar-se na areia, a contemplar o sol descer
sobre o mar ao fim da tarde.
Já são cinco e meia. “Tic tac”. Continuo aqui, no mesmo
lugar. Sou apenas eu. Mas tenho esperança… Esperança que, enquanto o tempo passa,
pelos trilhos da vida hei-de encontrar outros grãos de areia dispostos a formar
um areal. Quem sabe esses não se sentem sós também, neste mundo louco. Mas
quando os encontrar, deixaremos de estar sós.
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